A surra


(depois de Minha intenção, vem esta outra parte ... )

Continuo Pe. João,

Volto aqui relatar na cronologia do acontecimento dos fatos para entender os sentimentos que construí em relação a minha família, em especial os três (pai, mãe e irmão).

Meus pais tinham viagens frequentes, no inicio era só para trabalhar, logo depois inventaram um sítio (eu só tinha uns 4 anos quando estas viagens começaram), depois o pai foi candidato a vereador em no seu município de origem, e com isto os dois viviam por lá, durante anos, fazendo campanha (sempre tinha reuniões, festas comunitárias, e às vezes iam só para "pescar ou caçar"). Eles estavam sempre nos deixando sós, mesmo quando eu estava doente. Os dois iam sempre juntos, a mãe nunca ficava em casa com os filhos.

Foi bem nesta época que o Fábio, mais velho (10 anos) e responsável por todos "começou" (somente a partir deste ponto que me lembro claramente, se aconteceu antes somente eles podem dizer) os abusos mas como forma de brincadeira, e até tinha a presença dos outros irmãos. Todos eramos crianças, nos divertíamos, eu me lembro (e lamento). Eu e Nicole somos as mais novas, os 4 irmãos são mais velhos, ficávamos muito tempo em casa sozinhos e de alguma forma o Fábio introduziu esta brincadeira entre todos, e ensinou que tinha que ser sigiloso, senão ele ia bater em todos e os pais também. Todos tinham corpo de criança, mesmo o mais velho ainda estava longe da puberdade.
Foto: www.jonshireman.com

Parece inacretitável a capacidade dos meus pais nos abandonar sozinhos em uma casa e viajarem, mas é a pura verdade Pe. João. A justificativa de tal ato reside no fato de que meu pai tinha problemas com nervoso e só viajava se a mãe fosse com ele, ele é assim até hoje. Outra justificativa era que a profissão dele era assim, tinha que ir onde tinha trabalho, precisavam de dinheiro para alimentar os 8 filhos e assim faziam (já estávamos morando na casa do Centro).

Meus pais tiveram que fazer uma viagem mais longa e pagaram uma senhora para cuidar de nós, afinal a Nicole só tinha 1 ano. Esta senhora percebeu ou viu algo e denunciou para a mãe. Então a mãe ficou sabendo e na sua mais "perfeita ignorância" resolveu do modo dela: falou que era pecado e que fizemos algo envergonhante, e que merecíamos uma surra, ..., e recebemos todos a surra (menos Nicole!), ela usou pedaço de madeira. O pai estava presente quando ela nos corrigiu, ele apenas era ouvinte, nada fez, nada falou.

Neste momento, eu me lembro, entendi para sempre que aquela brincadeira não deveria ser feita, que era pecado, que Deus não gosta e principalmente que receberia a surra se fizesse de novo.

(continuo em Importante passo )

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