Praia do Futuro


O texto Fortaleza - Ceara deste blog esta incompleto. Esta perto de completar um mês, e eu ainda não o conclui. Trata-se de uma passagem muito dolorosa e traumatizante. Eu também fiquei doente nestes dias e tudo foi motivo para atrasar.

Eu ainda não estou pronta, mas já esta perto ...

(...)

Então, era uma turma grande: minha tia, seus dois filhos Claudia de 4 anos e Claudio de 2 anos; a cunhada da minha tia que era solteira; a outra cunhada e seu esposo, e os dois filhos Vittorio de 5 anos e Victor 1 ano e meio.

Eu estava com 12 anos e faltava muito pouco para os 13, e estava ainda sob o efeito dos acontecimentos daqueles dias: lembra? a denuncia que eu havia feito para minha mãe.

A minha tia não sabia de absolutamente nada, e mesmo que eu fosse acostumada a frequentar a casa dela, passar finais de semana e feriados, ela não teria recursos para perceber que havia algo de errado comigo. E como todos dizem que os pré-adolescentes são seres difíceis, talvez ela partiu desde pressuposto para concluir porque eu havia ficado rebelde durante os dias da viagem.
Google Imagens
 (eu nunca havia visto um caranguejo, e fiquei encantada vendo-o saindo de buracos na areia)

Aconteceu que ela precisava que eu a ajudasse com seus os dois filhos, e eu não gostei muito, aliás, não gostei nada nada. Sempre que eu ia para casa dela, havia 1 ou 2 empregadas para fazer tudo, e lá eu só brincava. Na viagem eu queria fazer a mesma coisa: brincar.

Porém, ela precisava de ajuda mesmo, todos estavam de férias, e todos tinham empregadas em casa, e na praia não tinha empregada, eram elas próprias que tinham que cozinhar, limpar a casa, lavar roupas e cuidar das 4 crianças pequenas que foram para a viagem, e de mim, meio criança meio adolescente.

Hoje eu vejo assim, mas na época eu entendi tudo errado, fiquei revoltada porque tinha obrigações de ajudar a cuidar dos somente dos meus dois primos.

Eu fui injusta, e minha tia ficou estressada. Ela não conversou comigo, o que foi uma pena, ela foi ficando furiosa com cada atitude minha, cada ''mal criação'' que eu dizia. Sabe, eu nunca fui mal criada com ninguém, sempre fui muito submissa para todos: familiares, professores, desconhecidos e até para outras crianças. Estava acontecendo mudanças sérias em mim, em meu comportamento perante outras pessoas, eu estava mudando muito rápido, uma verdadeira pré-adolescente problemática, e a minha tia foi que pegou os ''ensaios iniciais''. A minha mãe colocou uma bomba na mão da minha tia e não falou nada para ela.

Naquele retiro espiritual que cito no texto Por que voce esta chorando? eu havia chorado muito, muito mesmo, e vocês não podem imaginar o quanto! Eu não sei o que significa, psicologicamente falando, chorar tanto depois de uma tortura que durou 8 anos, e principalmente quando se trata de uma criança, e criança esta, que segue para a adolescência. E depois de tanto chorar eu me sentia outra, gradativamente ia entendendo, SOZINHA, que eu havia me livrado dos momentos de abuso(*), entendendo que eu era forte para mudar, para acusar, mesmo sem credibilidade, eu podia me proteger.

Foi ai que eu apliquei esta minha força para se rebelar contra minha amável tia. Eu sinto tanta vergonha do que eu fiz. Eu não queria ajudá-la, eu não queria calçar os sapatos nos meus primos, eu queria que eles mesmos calçassem, ..., ai que preguiçosa eu fui.

Eu não queria reparar o Cláudio para que ele não fosse para o mar ou caísse de uma cadeira, lembrando agora, posso dizer que ele era mais comportado que o meu filho, ele era bem docinho, eu que estava possuída de preguiça e revolta. A Claudia já era crescidinha, não dava o menor trabalho, brincava sozinha ou com o primo Vittorio, essa dupla era dose de elefante, os dois mimadinhos brincavam e brigavam ao mesmo tempo, e eram cheios de vontades, mas não me causavam problema nenhum, somente aos seus pais que tinham sempre que acalmá-los.

O problema não ficou só nisso.

Fizemos uma visita na casa de uma família que eram amigos da minha tia e das cunhadas dela. Eu não me lembro muito bem, mas lembro que tinha o casal e seus 3 filhos: uma moça de 16 anos, muito linda, e seus 2 irmãos, eles pareciam ter mais de 18 anos, tinha um feio e um bonito, hehe. E eu lógico, fiquei de olho no bonito, hehe. Eu não tinha nem seios, eu não menstruava, era realmente uma criança, mas madura para a minha idade, amadurecida a dura penas. Eu já pensava romanticamente em ter um namorado, e podia ser ele, afinal ele olhou para mim, e de certa forma ele me cortejou.

La no Nordeste do Brasil as coisa são seria mesmo, imaginem eu nem tinha ''peito'', o que este menino se interessou por mim. Lá tem casos de meninas se relacionarem sexualmente muito cedo, antes mesmos de menstruar, e sem o uso da violência ou sedução, uma espécie de namoro mesmo, e ao final até se 'casam'.

Minha tia que não era boba percebeu, e ai ela já estava desgastada com meu péssimo comportamento, e para ela foi a gota d'água. Ela ficou me observando para que eu não ficasse a sós com o 'gatinho'. Ela não me brigou, não gritou, não me bateu, nem mesmo falou de suas suspeitas em relação ao meu interesse pelo rapaz. Porém, quando ela chegou em Manaus, ao me entregar para minha mãe, sem a minha presença, ela descascou o abacaxi ...


(*)  havia acabado somente o abuso sexual físico, depois, por anos, sofri abuso sexual visual e verbal. (hoje, em agosto de 2015, eu acrescento o abuso emocional)

Ainda não acabei essa história, por favor aguardem o próximo texto.
Maria Flor
(tem a conclusão em Exame de virgendade )

Comentários