A ira de um anjo - continuacao

Ontem completou 1 mês que escrevi o post A ira de um anjo. Uma grande pausa, necessária!
Ainda não me sinto preparada para escrever, mas vou tentar.

A Nicole sempre foi muito alegre, uma criança inteligente e curiosa, e em consequência disto ela aprontava muito, e no final "eu pagava o pato". Sendo eu a mais velha, tinha a "responsabilidade" de cuidar da minha irmã mais nova, impedir que ela quebrasse algo ou mesmo se machucasse.

Ai eu me enfurecia!

Ela estava com 2 anos e eu com 6, lembro-me de a partir deste ponto eu receber ordem de cuidar dela. Antes eram os meus irmãos mais velhos. Eu já estava sendo abusada sexualmente à pelo menos 2 anos.

A Nicole não gostava de roupas ou sapatos, ela tirava tudo, e ela gostava de correr para o jardim, gostava de colocar terra na boca, era uma criança "sapeca", e eu já estudava, tinha que cuidar dela e ainda lavar louças, varrer casa Naquele tempo eu ficava com muita raiva de ter que trabalhar tanto, eu queria brincar, só isto ...

Quando eu ficava sozinha com ela em casa (e isto aconteceu varias vezes, inclusive a noite, era assustador) a minha paciência esgotava fácil, e covardemente eu batia nela quando ela fazia algo que não deveria. Houve uma vizinha (que mora ate hoje lá) que falou para minha mãe que a Nicole gritava muito e que talvez eu estava batendo nela, ela ate conversou comigo dizendo que eu não deveria fazer isto, eu me lembro de ter sentido vergonha.

Eu me lembro também que eu batia nela e ela reagia e gritava, e ai eu batia mais para que ela parasse de gritar, e a única coisa que eu sentia quando estava batendo era vontade de bater mais.
Claro que eu nunca tentei matá-la, e nunca passou por minha desequilibrada cabeça fazer algo tão criminoso, eu batia, mas nunca quebrei um osso dela ou a queimei, nunca bati nela com objetos, eu usava as mãos para bater e gritava muito com ela quando não a batia. Lógico que eu batia nela quando não havia nenhum adulto, e como vivíamos em um total abandono, isso acontecia com uma certa frequência.

O meu outro irmão mais novo dos meninos também batia em mim e nela, e houve duas situações que me fizeram despertar para a crueldade que eu fazia quando batia nela:

A primeira foi quando eu vi este meu irmão batendo na Nicole, ela já estava com uns 5 anos e eu 9, meu irmão 10 anos de idade. Eu vi por outro ângulo como ela ficava ao apanhar, e eu fiquei revoltada e fui ajuda-la, apanhei dele também, mas eu a salvei daquela violência.
A partir deste ponto, e nem um dia antes, eu senti vergonha de bater nela e senti muita piedade da criança que ela era, da sua fragilidade, e de como eu estava sendo cruel com ela. Naquele ponto eu prometi para mim mesma que eu não iria mais bater nela, nunca mais. Porem, eu bati, ela aprontava e eu batia, mas não como antes, eu tinha consciência, batia para corrigir ou controlar as suas peraltices (eu aprendi na pele que se bate para corrigir e aplicava nela o sistema maldito). Antes eu não me importava de bater nela, eu não me importava de gritar muito com ela, de coagi-la com ameaças. Vejam como eu sozinha despertei para me corrigir. Eu lutei muito contra o meu temperamento já naquele ponto de minha vida, lutei para nunca mais prejudicar a minha irmã, mas quando eu ficava irritada eu ira para porrada ate com meus irmãos, e lógico eu apanhava muito, mas eu batia.

A segunda foi quando fomos visitados por uma amiga da minha mãe, que trouxe uma neta que tinha mais ou menos a idade da Nicole, a menina estava vestida com um vestido lindo, cheio de bordados, com sapatos brancos e meias de renda branca, laços no cabelo e uma bolsinha charmosa de renda, própria para crianças.

Google Imagens

Os adultos não estavam, eles nos deixaram por uma tarde inteira. Meus irmãos era crianças cruéis mesmo: primeiro eles começaram a fazer comparações entre nos, as irmãs deles e a menina bem vestida; eles disseram que ela era muito linda, de pele e cabelos lindos, que tinha roupas lindas e que nos as irmãs éramos ridículas e parecidas com índias, e que a menina parecia uma princesa. Ai eles continuaram as provocações, e a menininha era bonitinha mas abusada, e começou a puxar os cabelos da Nicole e meus irmãos não impediram ao contrario, estimularão as duas para brigar ainda mais.

Eu era mais velhas que as duas e sabia que se eu batesse na menina eu ia apanhar de pau, eu apenas empurrei a menina que estava em cima da minha irmã, mas ela voltava a bater, pois meus irmãos entregavam a Nicole para apanha de novo.Voces acreditam que os irmãos mais velhos estavam presente e que eles se divertiam com as brigas? eles riam e estimulavam para continuar a covardia.

Eu implorei para que eles parassem, implorei para eles impedirem que a menina batesse na nossa irmã, eles não atendiam. A menina bateu na Nicole, ela era mais forte, e a Nicole era subnutrida, frágil, magrinha. Eu assisti isto e lembro da cara de cada um dos meus irmãos se divertindo, lembro dos detalhes da roupa da menina, lembro da Nicole apanhando, lembro das inúmeras comparações humilhantes que eles fizeram.

Eu não apanhei, mas fui tão humilhada tanto quanto a Nicole e lembro principalmente dos sentimentos que invadiram meu ser: eu já tinha 13 anos, meus irmãos já tinha um certo medo de mim, pois eu já havia denunciado o meu pai e meu irmão mais velho, eu já não era tão frágil, eles não me batiam mais, mas eles me humilhavam, sempre que tinha oportunidade, geralmente dizendo que Nicole era mais bonita e eu uma índia, com cabelo de flechas. Enfim, eu senti muita raiva dos meus irmãos, e vi que eles sempre destruíam os meus sentimentos e naquele momento estava destruindo a Nicole também. Senti vontade de proteger a Nicole deles, daqueles vagabundos cruéis. Senti que eu era cruel com a Nicole, senti vergonha mais uma vez ao lembrar que batia nela, fazia ela chorar, fazia ela sofrer. Eu nunca mais toquei nela para bater desde então, me limitava a gritar, mas bater nunca mais mesmo.

Eu não poderia descrever outros fatos, pois não me lembro muito bem, lembro mesmo são destes fatos que descrevi, que deve lembrar de outros fatos é a própria Nicole, pois o ditado popular é verdadeiro: quem apanha nunca esquece.

Eu lamento tanto pela criança cruel que me tornei, lamento pela busca de excitação sexual que busquei na minha irmã, ensinando-a e ate obrigando-a a me beijar e tirar a roupa para se esfregar.
Agradeço ao Deus e aos ensinamentos de catecismos das freiras, que entraram no meu coração ah tempo para eu não me tornar uma pessoa adulta maléfica.

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